dezembro 08, 2013

Sobre julgamentos precipitados e mergulhar na alma de alguém.

Quem é você para julgar?

Ei, você aí! É, exatamente você que passa e me olha com cara de quem está analisando ou, pior, julgando. Devo lhe informar que você não sabe nada - mas nadica mesmo - sobre mim. Sabes o que vê; e o que vê é substituível, mutável, escolhido. Você vê a roupa que eu escolhi te mostrar, a cor do batom que eu decidi passar e o All Star velho que resolvi calçar hoje. Talvez nada que demonstre um pouquinho da minha personalidade, porque geralmente é o que estava mais visível seguindo a (des)ordem do meu guarda-roupa. E mesmo quando tem algum resquício a ver, é apenas sobre a minha casca. Casca esta que todos temos.
Você não faz ideia dos meus problemas, das minhas angústias ou mesmo dos motivos que me fazem sorrir, apenas ao ato de me olhar. Deves mergulhar mais a fundo se quiser saber (embora o grande problema seja que poucos sabem como mergulhar neste mar). Um mar popularmente conhecido por alma, coração ou mesmo o pensamento. Existem boatos que o recomendado é levar um casaco e uma lanterna, parece que essa expedição é escura e gélida de acordo com cada “eu”. Bom, o fato é que chegar lá é difícil; não recordo de alguém que tenha conseguido essa façanha comigo. ERROR 404 NOT FOUND. É porque ninguém conseguiu, mesmo com tantos rostos que passaram pela minha vida.
Isso me lembrou de uma pesquisa para um trabalho de Filosofia, que questionava-me sobre qual seria o sentido da vida (o professor estava corretíssimo quando disse que as questões mais óbvias são as mais complexas de responder). Depois de muita pesquisa, eis que surge a mais simplória e genial de todas as respostas encontradas até então: “O sentido da vida é o que se faz dela”. E trazendo isso ao assunto inicial e – que deveria ser – foco do texto, por qual razão o sentido da nossa vida seria viver em um eterno júri, julgando as pessoas pelas suas respectivas cascas? Penso que haja algo de muito errôneo nisso. Lembre que, ao que tudo indica, nossa única vida seja esta, da qual a gente constrói a cada abrir de olhos pela manhã.

Bem, devo lhe informar que você não sabe nada – mas nadica mesmo – sobre... Nada. 

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