Você gosta tanto dos
seus livros de ficção, mas não utiliza nem um minuto vivendo. Você
passa os dias correndo os olhos pelas páginas, mas não para um
segundo para escrever tua própria história. Quero dizer que o fato
de você abrir os olhos todos os dias não te faz um vivente, só
significa que você gasta oxigênio – muito embora, atoa. Não
arrisca e não petisca. Não se molha, pois não deixa que a chuva toque-o.
Acha que “tanto faz”, que “pode ser” ou que “talvez”.
Será que você poderia dar certo como, hm, engenheiro? Você não
sabe, não tenta. Apenas segue à risca a teoria insuficiente e atual
capitalista que dita às escuras.
Será que poderia ter uma boa história para contar aos seus filhos?
Você não sabe, você não faz história (e eu não penso que seja
emocionante o bastante contar que nasceu, estudou, trabalhou,
reproduziu e, seguindo o rumo, logo morrerá). Você nunca escuta sua música preferida no
volume mais alto ou, sequer, no mais baixo ('cê tem música preferida?). Você é aquele eterno café
esquecido por estar morno. Qual ser humano valoriza um dia
muito bom, sem nunca ter tido um muito ruim? A propósito, você não
tem ambos. És a fruta nem um pouco suculenta; comida para não ir ao
lixo, ou depositada no lixo para não ser comida. És o labirinto
cuja saída é rápida e simplória demais. Seja mais, faça mais.
Por você. Seja uma história boa de ler mas, principalmente, de contar.
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