abril 26, 2014

Enquanto tu congela meus pés...


Hoje eu vim dormir no outro quarto... Um em que posso acender quantos incensos quiser, alimentar  — ou embebedar?  — meu gosto por chás noturnos na cama e curtir a insônia em paz (o que é uma audácia, claro). Dane-se o fato de ser temporário e logo o quarto vir a ser de outra pessoa. O meu medo era o apego; sei bem que me apego da mesma forma a objetos e lugares do que a pessoas, e desapego só quando já estiver tendo a falência de algum órgão  — o coração.

Sei que amanhã acordo cedo: 5am (e pra quem tem insônia isso significa não dormir), mas observar o vapor do chá e a fumaça do incenso mesclando-se em uma dança voluptuosa até perder-se no ar é uma atividade deleitável. Penso que poderia ser ainda mais prazerosa a mescla de vapores de dois chás 
 — o teu e o meu. Conformo-me lembrando de que tu nunca citou gostar de chá e que, analisando, realmente parece um gosto improvável vindo de ti. Tudo bem, vai... Sei que o teu cordial cavalheirismo o faria me acompanhar em uns goles, mas também tenho a plena certeza de que eu deixaria o chá de lado e me perderia nos teus braços. Penso que poderia ser... Penso o que poderia acontecer. 

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