maio 04, 2014

Mas todo mundo é uma ilha...

        Hoje te vi na praça e lembrei-me desses teus longos cabelos. Cabelos bagunçados, cabelos bagunçados sobre teus seios, naquele lindo momento em que tu estás sentada na cama daquele motel barato, com parte do corpo enrolada por um lençol branco dizendo-me “para de fumar e vamos nos casar”; e rindo logo em seguida, claro, porque sabe bem que ambas as coisas não vão acontecer. Casar; não no sentido sacro da palavra, pelo menos. É, não, isso não faz parte de nós. Penso até que já nos casamos, mas confundo minha mente ao tentar desvendar quando ao certo isso aconteceu... Quando tu puxou-me pela nuca e me proporcionou o prazer do beijo mais demorado que eu já tive? Quando tu reclamaste que ninguém entendia as causas da tua dor de cabeça, ou, porventura, da primeira vez que eu te vi? (Será que ainda lembra ou estava bêbada demais?)

         Nós só nos conhecemos na cama, seja com ou sem lençóis. Fora daqui tu só pensas em estudar e ajudar crianças, os anjos caídos do céu, como tu mesma sempre me diz. Eu vivo de música e  alimento-me de poesia, quando me falta o pão. Porque, afinal, eu também alimento meu coração, para não morrer na solidão. 

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