março 22, 2014

Memórias vermelhas.

Na quietude insana da madrugada, lendo e relendo tuas mensagens, choro silenciosamente na esperança de que tu possas ouvir o que o meu silêncio quis dizer naquela noite; “me dá aquele abraço” ele diria. Teu cheiro passou por aqui, mandou lembranças e me deixou nostálgica. Chorar virou lei ao lembrar-me de ti, ao lembrar de que eu respondi com silencio quando tu pediste por que deveria ficar. Tu me disseste para seguir em frente, mas pra onde eu irei? Ir em frente é como seguir em linha reta? O único problema foi eu nunca ter te sentido em minhas mãos; tu sempre esteve longe, liberto como um pássaro que não pertence a nenhum bando. Nunca me senti a número um. É, a pessoa que admitia sentir repulsa pelo teu perfume doce (e ao mesmo tempo a que engolia toda essa repulsa pra chamar-te de cheirosa), vai fazer falta... Hoje eu consigo fingir tristeza ou inventar uma risada, só não tenho o poder de dizer que me esqueci de tudo, com a convicção de quem fala a mais pura verdade.
Nossos encontros sombreados pela falta de luzes da noite e das luzes dos postes da nossa rua de sempre, regados a palavras que agora perfuram como lâminas.  Começou com choro e terminará da mesma forma. Lágrimas nunca são em vão. Qual a graça de um céu sem nuvens? Se agora dói, é porque ali já houve amor e isso vai me consolar se eu souber que é - bom, foi - o mesmo para ti. E eu parei de me importar quando me chamam de tola por eu ter sido a primeira a dar adeus e agora estar te escrevendo isso, mas “recordar é viver”, é o que dizem. 

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